segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Rally de Lobos 2009 uma aventura no espaço

(04 de outubro)

A chefe Tati estava pirando pra organizar esse Rally, então nada como pioneiros ou ex-pioneiros pra dar um help na hora do desespero. Chegamos na sede antes da sete da manhã, o que significa que tudo estava trancado. Legal, como faz pra entrar no parque agora?
Pulando o muro, claro. Lá fui eu fazer escalada no muro do parque e depois a Tati. Sorte que não passam muitas almas vivas na rua a essa hora da manhã e mais sorte ainda que o pessoal da padaria em frente já nos conhece. Aquele bando de louco do escoteiro.
A Tati ficou montando os kits e eu enchendo bexigas, haja pulmão. O primeiro grupo que chegou foi o Serra do Japi. Todo mundo sabe que chefe das antigas sempre gosta de falar e pra piorar a situação esse chefe conheceu todos os meus antigos chefes. Mas eu tinha muita bexiga pra encher ainda, então deixei ele falar e respondia com hum's e uhum's. Até que finalmente o Renan chegou - obviamente só depois de eu ter que ajudar o Gehre a carregar a aparelhagem de som até o mastro. Cadê os homens pra fazer o trabalho pesado nessas horas? Voltamos a encher bexigas e eu fiquei craque no nó de correr pra amarrar todas.
Mas o papel principal do dia era a fantasia. Ou seja, extraterrestres. Oito horas da manhã e a gente se produzindo... perucas, roupas excêntricas, guache, óculos, antenas, brilho e pantufa de pantera-cor-de-rosa (que o Gehre sempre esquece na sede). Eis que surge a dupla Zizi e Ródi Picous (não me perguntem de onde vieram os nomes).
Nos escondemos atrás do bambuzal esperando o sinal pra entrar em cena. E o sinal era a voz do Darth Vader falando "Bem vindos, lobinhos, ao Rally 2009". Foi bem sinistro e depois ainda reclamaram que o Darth Vader só mandou a voz dele e não pareceu lá. Entramos cantando Een Gonyama (tinha que ser algo que não parecesse humano). Daí apitei, pra codificar minha língua pros lobinhos, senão eles não iam entender. E o Zizi, pra variar, tinha conseguido quebrar o codificador de linguagem dele, quando aterrissamos na Terra. Portanto ele balbuciava no microfone (que aliás to vendendo, modelo SM58, só entrar em contato) algum som sem nexo e eu ficava traduzindo.
- Ahatizbatsluminumprecofitzlaimecondunclordicautz.
- Ele disse "bom dia".
- Drulgordw.
- Ele disse: "Estou muito feliz de estar visitando a Terra e espero que vocês gostem da nossa companhia hoje, pois foi uma longa viagem".
E dá-lhe tradução simultânea de língua extraterrestre, enquanto eu explicava sobre as toalhas de sobrevivência e o codificador de línguas. Depois saímos cantando Een Gonyama e começou a sessão de fotos. Acreditem, até os chefes não nos pouparam. Terminada a sessão de fotos, começou a sessão entrevista com os et's. Os lobinhos:
- E.T. qual é seu nome?
- Ródi Picous.
- Tá. Mas agora me fala qual o seu nome verdadeiro.
- Ahn... Ródi Picous.
Silêncio. Lobinho vira para Renan.
- E.T. qual é seu nome?
- Ahn...?
- Whorghlusngt gdijiiilwurf? - traduzi.
- Zizicrwisfidtlumextrauszit.
- Não tem um mais fácil?
- Zizi.
Depois eles queriam saber como tínhamos chegado.
-Viemos na nossa nave.
- Que nave?
- A nossa nave.
- E cadê ela?
- Ta ali em cima do telhado.
- Mentirosa!
- É sim! Mas é que ela é invisível, pra não ser roubada. Só dá pra ver com esses óculos especiais amarelos.
Péssima idéia. Quando fomos subir para a caverna do clã, os lobinhos queriam invadir, tivemos até que trancar a porta. E logo em seguida, fui dar tchauzinho pela janela, eles começaram a gritar "Caai! Caai! Caai!". Nossa, quanta ódio no coração!
Depois disso, nem podíamos ficar em nenhuma base pra assistir, porque era só chegar perto que os lobinhos paravam de prestar atenção nas outras coisas pra vir falar com a gente. Os chefes começaram a nos expulsar, fala sério! E na troca de bases, as praguinhas azuis avançavam de novo e o mais novo esporte era pisar na pantufa rosa do Renan, coitado, no fim do dia ele já estava mancando.
O pior ainda estava por vir: hora do almoço. Tensão! A Tati só pediu para distrairmos eles durante a refeição. Achamos que era melhor deixar todos os lobinhos pegarem a comida e depois entrarmos na fila, afinal, são lobinhos! A idéia de girico foi sentar perto da fila, porque todos que passavam queriam entrevista exclusiva com os extraterrestres.
- Você não vai comer?
- Mas eu to comendo, olha. É comida do meu planeta.
- Mas não tem nada aí no prato.
- Claro que tem. É que a comida da minha mãe é invisível, quer experimentar?
- Não, essa daí não vai encher meu estômago. Prefiro aquela ali.
- A minha é melhor, viu.
E ficamos fingindo que comíamos aluma coisa. Detalhe que até no meu garfo tinha tinta. Ficamos lá, sendo infernizados por lobinhos, uns em especial que não davam sossego. Quando vimos, os chefes já estavam na fila, daí entramos também, finalmente. Só que bem na vez do Renan, acabou a comida. Sorte que fui a última a montar o prato, porque o resto da fila teve que esperar a nova remessa de macarrão ao molho rosé de frango.
- E.T. gostou da comida?
- Ah, gostei. Mas a do meu planeta é melhor, ainda mais quando a minha mãe prepara.
O engraçado é que todo mundo lembrava que o nome do Renan era Zizi, mas quando vinham me chamar eu sempre era o E.T., será que é tão difícil pronunciar Ródi Picous?
O pós almoço foi descanso no sofá do clã, uma sessão de terapia intensiva. Posso só pensar? Até que deu umas quatro horas e eu fui tirar a tinta do rosto, porque eu ia embora mais cedo. Cara, aquele troço não desgrudava da pele! Então saímos pelo parque, só o Renan ainda vestido de E.T., causando crises de choro em crianças menores. Acho que traumatizamos pelo menos umas cinco durante o dia, com aquela roupa. E algumas pessoas acharam que a gente era palhaço. Não é palhaço, poxa, é E.T. Até me falaram assim: o que tem em comum entre um E.T. e um Picles? Ambos são verdes e pequenos. ¬¬
Tive que ir embora bem na hora do lanche e quando passei pelos lobinhos, eles nem me reconheceram. Ufa, imaginem se eu tivesse sido parada por cada equipe no caminho da saída?

(o resto da história, fica por conta do Renan, ou melhor, Zizi)

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