quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Águas de Lindóia - Cap. 4

(02 de janeiro de 2010)


Desta vez, o Renan me acordou meio dia com o pretexto de que eu mesma tinha dito que era o horário limite. Os meninos Blessa, Emerson e Denão tinham saído pra buscar o café da manhã, que pela primeira vez nesta viagem foi mais reforçado. A Marlene tinha tirado disposição sei lá de onde e resolveu que tínhamos que sair andar de manhã (se bem que nem manhã era mais). Ainda tentamos convencer uma parte da galera a ficar em casa, jogar alguma coisa e sair só mais tarde, mas o Blessa tirou na moeda pra ver o que dava e saiu que iríamos dar uma volta.
Na minha cabeça, esta volta ia terminar na esquina da sorveteria. Porém, na cabeça dos outros ia ser uma volta infinita, assim até onde os pés levassem. Pegamos o sorvete e eu consegui fazer uma cratera na minha língua não sei como, só sei que não parava de sangrar. De acordo com o Allen, isso significava que estavam falando ou pensando no meu beijo, não sei de onde surgem essas teorias. Havia um lugar no caminho, sobre o riacho que parecia ser ideal para um Fogo de Conselho, lugar pra sentar, tinha até palquinho, começamos até a fazer planos pra fazer um Fogo ali à noite.
Pra falar a verdade, em Águas de Lindóia tem vários lugares estranhos, por exemplo tinha uma casa que parecia o Jardim Secreto, com uma escada quase econdida pelas trepadeiras -  aliás isso me lembra que tem uma república em Barão Geraldo chamada As Trepadeiras... Posso só pensar? Tiramos foto na tal escada do Jardim Secreto e o Allen quase invadiu a casa que parecia abandonada, mas não estava. Ficamos também imaginando se abrisse um grupo escoteiro em Águas se utilizaria o mesmo brasão da cidade, que tinha uma mulher seminua, ia ser bizarro, como diz o Renan. De fato, esta cidade, como observamos está cheia de acontecimentos fora do normal, como ter milho espalhado pela rua, coisa que o Blessa não ia deixar passar sem imitar a dança da galinha.
Continuamos a caminhada sem fim, paramos na feirinha de artesanatos. Havia pra vender um daqueles frascos de pôr pinga, com medidas e tudo, estava escrito "Reserva Especial", pensei que pro clã o ideal seria comprar um que tivesse escrito "Conserva Especial". O Denão aproveitou pra comprar o seu chinelo de frade, já que não comprou a boina do vovô. Atravessamos a longa praça central e aí resolveram entrar numa rua adiante, disseram que o sorveteiro indicara aquele caminho pra chegar nas lendárias cachoeiras. Aí eu comecei a estressar, não estava com o menor pique de continuar andando, por mim já tinha parado lá na esquina da sorveteria e eles resolvem andar mais??? E isso que ninguém tinha tomado o energético poderoso do Blessa! Naquela rua tinha outro lugar estranho, um chalé caindo aos pedaços, se não estivesse abandonado seria uma bela casa.
Continuamos a caminhada sem fim, paramos no playground, onde o Blessa foi engolido por pneus e o Renan tocou num projeto de cavaquinho. (Para entender melhor, vide fotos no orkut da May) Eu quase tive uma briga porque queria ficar sentada lá descansando e eles queriam ir atrás da cachoeira. Advinhem... fui forçada a prosseguir na caminhada infinita. Demos a volta no segundo lago, em que as capivaras nadavam alegremente. Até as capivaras pareciam mais felizes do que eu. No entanto, como disse o Denão, engatei a quarta marcha e fui, pela estrada tortuosa e enigmática. Até a Ya foi representada, ali numa placa amarela. Seguimos sem saber onde ia terminar aquilo, até que chegamos... não, não na cachoeira, mas num bar! Foi como ouvir os anjinhos cantarem:
- Ooooooooh!
Sentamos e pedimos uma gelada. Já que não tinha energético, eu precisava de algum combustível pra continuar aquela jornada não planejada. O bar se chamava Recanto dos Nefelibatas. Que raios vinha de ser nefelibata? Por incrível que pareça, apesar de ser uma palavra estranha, tinha muito a ver com a gente: aquele que "anda nas nuvens"; em literatura, diz-se do escritor que não obedece as regras literárias; no contexto geral, trata-se de uma pessoa idealista, que vive fugindo da realidade. Eu diria que sou considerada nefelibata duas vezes então! Oo
Depois da breve pausa, voltamos à jornada sem fim, que deu em umas casinhas de campo, onde batemos pra perguntar o caminho das cachoeiras. O Allen quase foi atacado pelo cachorro e saiu pulando - o Allen saiu pulando, não o cachorro. A moça simpática mostrou a entrada da trilha, que era no próprio quintal dela e fomos, não deu nem cinco minutos e chegamos na primeira cachoeira. Havia um casal nadando e talvez tenhamos atrapalhado o clima romântico, coisa que pioneiro adora fazer. Só o Allen e a Marlene entraram e eu não queria ir porque estava de calça jeans. Então tivemos a magnífica ideia de trocar de roupa eu com a Mayara. A calça dela era de ginástica então tudo bem, mas ela... uou... ficou bizarra com a calça jeans vinte números maior.
A volta do passeio foi bem mais rápida, e desta vez foi o Blessa, o Denão, a May e o Emerson que apertaram o passo nos deixando pra trás. Acho que eles ficaram com vrgonha, porque ficamos cantando músicas escoteiras o caminho inteiro desde La Bela Polenta a Mereketê (aposto que a Lele vai ficar brava porque cantamos sem ela, mas pelo menos não teve a dança diferente, não é o tipo de coisa que eu faria no meio da rua). Quando chegamos no centro da cidade, eu e a Marlene não aguentávamos mais ouvir nada e os dois não paravam de cantar. E isso que estavam todos sóbrios, imagine se não estivessem.
Lá no apartamento foi só tomar banho, fazer macarrão e dormir? Ha, piada né? Quem é que dorme por aqui? Lá se foram os últimos energéticos e as cervejas e caímos fora... pelo menos eu, a Marlene, o Re e o Allen, que queríamos sair, ver o mundo lá fora etc. E desta vez tinha muita coisa pra ver. Paramos no barzinho que o Renan queria conhecer (se bem que até xavecaram ele na entrada e olha que nem foi mulher). Três coisas: primeiro o Allen ficou xavecando a garçonete, depois não tinha mais cerveja lá (porque Itaipava nem considero cerveja) e o lanche era gigantesco, sério, nunca vi daquele tamanho! Acontece que quando fomos embora ainda era cedo. Só que as leis da física nunca explicam porque saímos cedo do bar e só chegamos 5h da manhã em casa. Melhor deixar em off que as vezes acontecem coincidências demais, é como dizem: escoteiros ainda vão dominar o mundo, estão em todo lugar!!!

(continua...)

4 comentários:

  1. é verdade os escoteiros ainda vao dominar o mundo... agora diga se não aleu a pena andar pela longa estrada pra chegar até a cachoeira????

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  3. "aposto que a Lele vai ficar brava porque cantamos sem ela'' e fiquei... humpf
    bjo
    lelê

    ResponderExcluir
  4. que bacana a historinha....
    rachei o bico.
    conheço tdos esses lugares la em aguas... e vcs sao de onde?? qual e esse tal energetico ein deve ser bom.. =D rss

    abs

    felipe_itaim@hotmail.com

    ResponderExcluir